quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Portas abertas ao Cuidado

Caros Alunxs,

A partir de hoje, sempre os tratarei assim em nossas comunicações escritas, por ALUNXS, com “xis” no lugar do “o”. Isso tem razões fincadas em minhas fortes crenças e vivências humanísticas e, por que não dizer – políticas. Crenças essas que versam sobre a inclusão e o respeito incondicional à diversidade, à alteridade e à história de cada sujeito que cruza minha vida. Assim, represento através do “X” uma postura de abertura à diversidade em toda sua exuberância e complexidade de gênero, raça, origem territorial, cor, escolha política, enfim, traços e práticas que formam e consolidam nossas personalidades e nos significam enquanto sujeitos.

Dito isso, cabe solicitar-lhes observar comportamentos e posturas que busquem expandir horizontes e crenças, compreensões e ideias novas sobre o que já se pensa saber. Venho lhes dizer isso, em razão de nossa escolha profissional, a qual não nos permite ancorar em juízos de valor inflexíveis ou carregados de pré-conceito em relação ao sofrimento ou condição psíquica de ninguém. Como psicólogos, mesmo que ainda sem diploma, convém comportar-se como profissional desde a academia, escolha que lhes ajudará a experimentar, tenho certeza, a distinção, amplitude e respeito que nossa profissão ganhou com o passar do tempo.

Estamos prestes a nos aventurar no âmbito do Psicodiagnóstico, disciplina que juntamente com os estágios e mais aquelas aulas em que se tratou das técnicas e instrumentos de aconselhamento psicológico distintos em cada abordagem, porém com uma base epistemológica e histórica comum, conformam, por assim dizer, nossa propedêutica, isto é, o conjunto de conhecimentos mínimos do qual devemos estar apropriados para atuar junto ao paciente em termos clínicos. Justamente porque eu os encontrei neste momento tão especial de sua formação, avalio e reforço a necessidade de uma postura aberta e flexível frente à diversidade humana.

Ao aprender a clínica e os procedimentos terapêuticos da psicologia, devemos olhar ao passado e compreender que o termo fundante de toda a ideia ocidental de Terapia e, consequentemente de tratamento, advém do grego Therapeia, o qual por sua vez abarca o verbo Therapeuo. Segundo o Professor Emérito Jofre Rezende (2010), este verbo e seus derivados designam as ações de cuidar e servir desde a época de Hipócrates e Galeno, ambos importantes filósofos também na história da psicologia. Como a coleta de dados, o aprofundamento no romance pessoal e a garantia de confidencialidade sobre tudo o que for tratado no ambiente terapêutico entre psicólogo e paciente é a pedra de toque de nossa clínica, qualquer advertência sobre ser inexorável servir e cuidar em vez de julgar e sentenciar, será sempre procedente.

Cuidar e Servir são, portanto, as posturas a assumir a partir do momento inaugural da relação terapêutica com qualquer paciente, momento que deve e pode ser enriquecido por um processo profundo de psicodiagnóstico, dinâmica que se atualizará ao longo de todo o tratamento, seja lá o tempo que este levar, seja qual for a procedência do cliente ou “linha teórica” seguida pelo psicólogo. Lembro-os, igualmente, que a palavra clínica, original do latim, significa inclinar-se, gesto de “dirigir-se com humildade” que conduz o olhar do psicólogo ao cerne do sofrimento humano, oportunizando, sempre em via de mão dupla, uma passagem para reconhecer, rever e ressignificar experiências, dores e traumas dentro do setting terapêutico.

Destarte, fitando transmitir-lhes algo da observação e da vivência da clínica psicológica já há alguns anos, espero poder contar minimamente com o compromisso de aproveitar o espaço de nossa disciplina para o diálogo, construção e fortalecimento à condição imperativa do psicólogo, em especial o psicólogo clínico, escutar antes de falar e falar com prudência e sempre com foco na melhoria qualitativa da relação, seja esta com o paciente, com seus colegas ou com seus professores.

Feliz por estarmos juntos nesta eterna busca, deixo-lhes um abraço fraterno.

Cordialmente,

José Mattos Neto

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